Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta quinta-feira (21/12) uma lei que torna feriado nacional o dia de Zumbi e da Consciência Negra, em 20 de novembro.
A data já era considerado feriado em seis estados brasileiros e cerca de 1,2 mil cidades, segundo a Presidência da República. "Com a sanção presidencial, esse marco passa a integrar o calendário nacional, consolidando mais um importante aceno público em prol da valorização da história e das raízes culturais da população brasileira", informou a Presidência, em nota. A data é celebrada no dia 20 de novembro, em alusão à morte de Zumbi dos Palmares, que era líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores do período do Brasil colonial. Saiba mais no site do Estado de Minas: em.com.br 📷: Leandro Couri/EM/D.A Press
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Por Cássia Cristina – Makota Kidoiale e Jair da Costa Junior, enviado para o Portal Geledés Nas tradições de matriz africana, na cultura africana, e esta refletida na cultura afro-brasileira como herança de nossos ascendentes (ancestrais), bem como nas comunidades e populações afro-brasileiras, de maioria negra, as mais velhas e os mais velhos têm uma importância vital na transmissão e preservação de saberes e conhecimentos que estão sendo esquecidos ao longo dos anos e dos processos institucionalizados ou não, de invisibilização de nossas fontes existenciais. O projeto Reverenc’Yás quilombos BH nasceu no Kilombo Manzo Ngunzo Kaiango, diante da relevância conferida ás nossas mais velhas e mais velhos, bem como às nossas crenças nas entidades**, e a tudo que elas representam. Partindo do entendimento que elas representam fontes de vida e conhecimentos, bem como da força para preservação da própria vida numa sociedade que tende e anseia por nossa dizimação, reverenciar nossas matriarcas, mães e mais velhas tem um significado especial. Na cultura africana, de onde provém nossa fonte existencial primeira, as Iyá’s (IYÁ-M’BERÉ), que corresponde à grande Mãe, princípio criador, aquela que vem antes da criação do mundo material, ocupam um lugar de destaque. “Ancestral africano, símbolo da grande Mãe que é o princípio e o poder que cria a vida. Aquela que precede, o ponto de partida de um processo de criação que vai desenvolver-se, a causa primeira, a fonte de existência, a presença ancestral” (SIQUEIRA, 2010, p. 29). Leia mais... O dia amanheceu, levanto da cama, coloco a água do café no fogo e sigo para o meu ritual, saudando Kitembo pelo dia de hoje. Encho meus pulmões de ar, inspirando a luta. Volto ao fogão para preparar meu café, percebo o cheiro familiar de casa. Observo a fumaça subindo, misturando-se ao reflexo do sol que adentra pela janela da cozinha. Encho a xícara de café, volto a contemplar o dia lá fora e retorno à chácara vazia, começando a me preparar para o dia.
Lembro-me de que hoje é segunda-feira e preciso preparar meu balaio de ebó. Hoje, meu ebó é para nzila e será entregue na encruzilhada de terra. Levo um ebó completo para o senhor que me orienta nas palavras, como um ponto riscado, em um ponto firmado. Arrumo o padê, cachaça, dendê, bem divididos. Divido o prato em três partes, acrescento uma garrafa de marafo, sete charutos, uma farofa de miúdos e bastante pimenta para afinar a língua. Forro meu balaio com pano vermelho e preto, perfumando-o. Na capanguinha, coloco lasca de fumo e moedas para pedir licença à mata. Agora, a oferenda está pronta. Saio com o balaio na cabeça, carregado de esperança em cada prato. Avisto a gameleira, ajoelho-me aos seus pés, bato palmas nove vezes, abro a garrafa com os dentes, tomo três goles, sopro para o alto. O cheiro da cachaça embriaga minha fé. Desarrumo o balaio devagar, sem pressa, virando toda a cachaça aos pés da Gameleira, forrando os tecidos. Pego uma pama solta do coqueiro e sirvo meu ebó. Bato palmas novamente num compasso de um, dois, três. Um, dois, três, quanto, cinco, seis, sete. Pego o balaio, o que ficou vazio, levanto-me e vou distanciando-me sem virar as costas até ter a certeza de estar segura. Assim, faço meu caminhar, de quem entrou e saiu da mata, eu e meu balaio de ebó. Makota Kidoiale ✍🏾 O Kilombo manzo está se organizando para cuidar de sua comunidade. Fique atento, não saia de casa, lave as mãos frequentemente. Evita contatos com outras pessoas. Visite os links e assista o vídeo abaixo:
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