O quilomboA comunidadeProjeto social |
O Kilombu Manzo, oficialmente denominada Associação de Resistencia Cultural da Comunidade Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango, se localiza na rua São Tiago, número 216, nos limites entre os bairros Santa Efigênia e Paraíso, na Zona Leste da cidade de Belo Horizonte, em uma região de topografia acidentada, repleta de morros e ladeiras, em um terreno que abriga aproximadamente onze famílias (cerca de 50 pessoas, incluindo um considerável número de crianças e adolescentes).
A comunidade, que é também uma comunidade tradicional de terreiro, foi certificada em 13 de março de 2007 pela Fundação Cultural Palmares como remanescente de quilombo (Registrada no Livro de Cadastro Geral nº10, Registro nº 942, fl.07 e publicação no DOU do dia 16/04/2007). A comunidade possui processo aberto de regularização fundiária (Número: 54170.006166/2007-91), no INCRA-MG (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, titular na esfera do executivo federal nas políticas de demarcação territorial quilombola) desde novembro de 2007, mas até o momento este se encontra parado, uma vez que a comunidade se localiza em área pública estadual, necessitando que o Estado faça a desafetação e doação do imóvel para que este Instituto possa atuar diretamente na delimitação e demarcação territorial quilombola. A comunidade é uma entidade civil sem fins lucrativos registrada em cartório. E foi declarada como de Utilidade Pública Municipal, em 24 de fevereiro de 2011, pela lei 10.112/2011. A comunidade ocupa esta localidade desde a década de 70, quando iniciou suas atividades como casa de Umbanda denominada “Senzala de Pai Benedito”, depois transformada em terreiro de Candomblé Angola. Hoje ela se organiza através da Associação de Resistência Cultural da Comunidade Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango. A matriarca do grupo e sacerdotisa do terreiro, Mãe Efigênia (Efigênia Maria da Conceição – Mametu Muiandê), está ligada a todos os moradores por laços de parentesco, seja consanguíneo ou religioso. A dinâmica religiosa do grupo é pontuada pelos rituais do candomblé, bem como pelas consultas espirituais e jogos de búzios realizados por Mãe Efigênia. O Terreiro possui hoje um projeto social e cultural de valorização da cultura afro-brasileira através da realização de atividades como: capoeira, samba de roda, dança afro e percussão, dentre outras. O projeto Kizomba (termo de origem bantu que significa “festa do povo que resistiu à escravidão”), tal como é chamado, recebe cerca de 60 crianças e jovens do entorno e de bairros vizinhos e é mantido por dois filhos da casa, fora o apoio de parceiros da comunidade que auxiliam nas atividades desenvolvidas. O projeto não recebe nenhuma espécie de financiamento público ou privado. Por se tratar de uma entidade sem fins lucrativos, a associação sobrevive graças a doações e auxílio de terceiros que se sensibilizam com o seu funcionamento. Descrito por Mãe Efigênia como “uma casa de portas abertas”, o Terreiro e Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango possui atividades de valorização da identidade dos afrodescendentes como oficinas de dança, percussão, cabelos e indumentárias afro, dentre outros que servem para o resgate da identidade, da autoestima e ao mesmo tempo como forma de educar os sujeitos destas atividades para o exercício pleno da cidadania. O Quilombo Religioso Urbano de Manzo é, portanto, uma referência não somente para o patrimônio afrodescendente de nossa cidade e sua luta por cidadania, mas também um espaço de importância social, na medida em que atua na formação complementar de jovens residentes na região, notadamente um aglomerado de Vilas e Favelas. (Em construção) |
Kilombu Manzo